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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Piquenique na montanha misteriosa - filme

Oi pessoal!



Se existe um filme nesse mundo em que eu considero uma verdadeira obra de arte é Pique nique na montanha misteriosa (Picnic at Hanging Rock). Uma das coisas que eu considero muito na vida é a beleza, aquilo que é belo. Algumas pessoas podem achar que isso seja fútil,  não importo eu taco o foda-se, pois ninguém que pensa assim deposita milzinho na minha conta.




É belo por quê? Por que uma obra de arte? Porque ele é a soma de muitos pontos positivos, expressivos e perturbadores. Além do mais a fotografia e imagem é linda. Sendo assim esses fatores fazem dele um filme único e inesquecível, além de fazer com que os nossos questionamentos martelem na nossa mente. 




O filme acontece na Austrália em 1900 em uma escola vitoriana só para meninas, uma espécie de internato para burguesas aprenderem boas maneiras e suas obrigações. Sendo assim, toda a rigidez da época em relação aos valores da alta sociedade, principalmente como uma mulher deveria zelar por sua honra. Logo é um ambiente que cobra que uma moça deve gostar de poesia, ser pura, romântica, culta e submissa. Todos esses fatores aparecem no ambiente escolar e na trama.





O filme se inicia na manhã do Dia de São Valentin, onde as lindas meninas se vestem com vestidos de cores claras, quase puxando para o branco. Um grupo delas aparecem apertando os espartilhos, uma a uma de fila apertando o espartilho da outra. Todas arrumam seus cabelos com a ajuda das amigas. Muitas recebem cartas de Dia de São Valentin e recitam versos de amor. Até que elas descem as escadas e vão em direção a porta principal da escola. A diretora, a senhora Appleyard aparece e dá início ao passeio a Hanging Rock. Nisso a diretora fala para as alunas honrarem o nome da escola e ao mesmo tempo a gente interpreta como: “seja uma boa moça”.




Essa cena inicial é doce e faz com que a gente compreenda todo o contexto vivido pelas alunas. É comum a gente notar nesses filmes de época que as moças se vestiam com cores claras assim como aniversariantes de 15 anos de até um tempo atrás. As cores claras seria uma espécie de representar a pureza, por isso noivas se casam de branco. Percebemos então toda uma atmosfera de pureza e repressão no ambiente feminino da escola. Também o espartilho, mesmo eu considerando uma peça que não devia ter saído do guarda roupa e que eu ache perfeito, foi considerado como um objeto de opressão pela forma perfeita da mulher. Portanto mais um ponto na trama para representar os valores morais da época e ao mesmo tempo o erotismo.




Ainda no início, uma moça loira, a Miranda (Anne-Louise Lambert) começa a ler em voz alta uma carta de São Valentin. Não sabemos ao certo se ela recebeu de um pretendente, ou se sua colega de quarto que também está no quarto. A colega de quarto Sara (Margaret Nelson) durante toda a trama Sara demonstra que ama Miranda. Provavelmente é apaixonada por ela. Até que Miranda vira e fala: “Você precisa aprender a amar outra pessoa além de mim Sara, não vou ficar aqui por muito tempo”.





Essa frase perturba o espectador durante todo o filme. A gente não sabe se o sumiço de Miranda e das outras garotas tem relação com isso. Também se ela estivesse apenas dando um fora na colega em função de um namorado e ela não pretende se relacionar com Sara. Ou apenas um simples comentário de quem um dia terá que partir e se preocupa com a amiga. O que importa é que suas palavras nos perseguem o tempo todo.

Devido a falta do pagamento da mensalidade a diretora não deixa Sara ir ao passeio. Então todas as meninas e duas professoras vão em direção a montanha. Uma delas também se veste com cor clara que nem as alunas. Já a outra usa uma roupa escura, é mais velha e com mais sabedoria. Nisso, as alunas fazem um piquenique no local, partindo bolos e comemorando o dia especial. Até que na hora do descanso, muitas alunas resolvem dormir, outra característica da vida das garotas burguesas da época: cochilar depois do almoço.



Enquanto isso, a sra. Appleyard pede para que Sara recite um poema, já que recitar versos era uma das lições da escola. Era de bom tom que toda moça soubesse poesia. No entanto a aluna disse que não havia decorado, mas que tinha criado outro e tinha mais versos que o poema exigido. Quando Sara começa a recitar a professora manda parar e exige que a aluna decore o outro poema, mais um pouco de opressão por parte da diretora.

Durante toda a trama a gente percebe que Sara era bem diferente das outras meninas. Queria fazer versos, ser diferente, ser apaixonada por uma garota, não sabia se portar como uma moça, ser homossexual? Ou será, ela descobriu o amor??? São muitas as nossas dúvidas em relação ao que acontece com ela. Com certeza é uma intensão de mostrar que há algo acontecendo com a personagem. 




Chega o momento em que coisas estranhas acontecem na montanha. Os cavalos relincham, os pássaros começam a fugir do nada, o relógio para de funcionar, um som se flauta. São coisas sobrenaturais que acontecem ao meio dia. Então Miranda e mais duas alunas resolvem subir a montanha.  A professora mais velha também sobre como se estivesse sentindo a necessidade de buscar algo ou explorar o lugar. Uma aluna gordinha segue suas colegas que vão em direção a algo que não sabemos. Mesmo com a colega lutando para que elas não fossem tão longe, as garotas continuam indo como se nada tivesse acontecendo.

É na montanha onde as três garotas passam a ignorar o mundo, sentir pena da gordinha e também de quem não tem propósito de vida. Dá para entender que Miranda também sente a mesma coisa e talvez até desprezo por Sara. Até que uma delas fala: “é surpreendente o número de pessoas sem um propósito. Desconhecidas a si mesmo. Tudo tem um começo e um fim. Na mesma hora e no mesmo lugar”. Da a entender que as outras duas compartilham da mesma visão. Assim as três alunas e a professora desaparecem na montanha.


Ao voltar da escola a professora da a triste notícia do desaparecimento das alunas e da professora. O que a diretora pediu no início do passeio não foi realizado e a escola passa a ser mal vista. Algums pais tiram suas filhas da escola e tudo começa a entrar em crise. Até que sabemos que Sara na verdade é órfã e seu tutor não está mais pagando a mensalidade, logoela é avisada sobre sua situação na escola. No entanto ela parece mais triste com o fato do sumiço de Miranda. Ela conta para a zeladora que Miranda disse que não voltaria mais. Aquelas palavras de Miranda continuam perturbando a nossa mente.  

Durante todo o filme uma atmosfera do adolescer e de se tornar uma mulher envolve os personagens. Há o início de uma descoberta sexual, não só por parte das alunas, mas também pelo garoto que fica encantado com as três meninas que sumiram. Além do mais, durante toda a trama Miranda é tratada como uma pessoa de beleza única. A frase de sua professora enquanto ela olha uma imagem da vênus de Botticceli “Agora eu sei. Eu sei que Miranda é um anjo de Botticceli”. Miranda é aquela menina que encanta a todos com sua beleza.  




Nisso que o garoto observa as meninas outro rapaz, seu empregado começa a falar coisas “grosseiras” a respeito do corpo delas. Até que o garoto fala que ele não devia falar coisas tão cruéis e recebe a resposta: “eu digo coisas cruéis, você só pensa nelas”. O garoto que também era da alta classe social tem uma educação de lord, mesmo assim há um despertar sexual nele. Tanto é que mesmo que a polícia dissesse que não tinha encontrado as alunas, ele foi atrás e acha uma delas. Outro ponto perturbador é que ele aparece paralisado com um pedaço do vestido de uma delas na mão.





A garota encontrada não morreu e recebeu todos os devidos cuidados médicos. A maior preocupação da sociedade e também da escola é saber ou não se ela ainda estava “intacta”. Porém essa não é a perturbação maior do espectador e também do médico que fala que daria tudo para saber o que aconteceu naquela montanha. Ao acordar a garota encontrada não se lembra nada do que aconteceu.


Sara recebe a última alerta da Diretora, mas o desaparecimento da amiga é mais doloroso que sua expulsão da escola. Ela conta para a zeladora que é órfã e quando criança no orfanato ela sonhava em trabalhar num circo e usar um vestido cheio de lantejoulas, mas seu cabelo foi raspado e sua cabeça tinha sido pintada com violeta de genciana, como uma espécie de reprimir os sonhos da garota. Ao mesmo tempo o empregado do garoto diz que tem uma irmã, mas que não sabia onde ela estava, fazendo com que chegamos a conclusão que Sara é sua irmã. No final do filme ela é encontrada morta assim como a profecia que as alunas que sumiram disseram.



Mais uma vez para lembrar dos valores da época há uma cena em que a diretora da escola comenta algo a respeito da professora que sumiu. Ela diz que não compreende porque a senhorita McCraw se deixou levar por uma aventura juvenil, logo a professora que ela considerava com um intelecto másculo, atribuindo o masculino aos conhecimentos e educação da professora. Mais uma vez o despertar sexual que bate na porta e agora podemos assimilar o desaparecimento das garotas com a data especial, o Dia de São Vatelin, dia dos namorados e dos amantes. A medida em que elas sobem a montanha peças de roupas são deixadas para trás e passam a andar descalças. Seria então algum tipo de crime sexual? Ou seria a montanha uma espécie de personagem que representa o desejo e o desaparecimento delas está relacionado com o rompimento com tabus da sexualidade feminina? Afinal, a professora que era sexualmente reprimida se deixou levar por uma aventura juvenil e desaparece na montanha que nem as alunas. 



A resposta não é revelada. Sabe-se que depois de alguns anos foi dito que o caso não era real e sim fruto de um romance de ficção relacionado à montanha que nativos diziam que aconteciam desaparecimentos no local sem nenhuma explicação. 

O filme é vendido por aí com cortes do original, inclusive o DVD que eu tenho não tem o final onde a sra. Appleyard resolve ir até a montanha para ver o que aconteceu. Até que ela encontra o espírito de Sara que tanto a assombra, fazendo com que ela caísse morta no chão. Vi esse final no youtube. 



Durante muitos momentos o som da flauta inquietante aparece e mesclarem de imagem das personagens condicionam o clima de suspense, beleza e inquietação. As cores usadas, os penteados das meninas, as vestimentas antigas de cores claras, espartilhos, a conotação sexual e a música formam uma atmosfera de beleza e erotismo.




Não sou nenhuma crítica de cinema e nem muito fã do cinema cult. Mas esse é meu parecer de um dos meus filmes favoritos. Também publicarei essa mesma postagem no meu outro blog que serve como um diário meu. 

segunda-feira, 30 de março de 2015

Estudos de figura humana no papel de algodão da canson

Oi pessoal!


Já tinha um tempo que queria comprar papeis para aquarela que fossem realmente bons. Porém o Arches e o Fabriano são muito caros. Até que achei um papel de algodão de gramatura 300 da Canson. Não foi barato, cerca de 58 reais o bloco A4, mas comprei, já cheguei na loja sabendo que iria gastar dinheiro. Aproveitei para pegar um com pouca textura para fazer umas aquarelas mais realistas.





Já disse algumas vezes aqui que eu odeio quando o papel absorve a água. Isso estraga a pintura. Aquele canson da linha universitária é ótimo para absorver. Nunca mais compro esse papel.


Eu queria colocar em prática umas dicas que o Marcelo me deu para pintar figura humana de uma forma mais realista. Seguindo algumas ideias de cinzas e luz e sombra da pintura a óleo tradicional. É realmente bem mais bonita e mais fácil do que o jeito que eu fazia antes misturando o verde nas sombras.


Enfim, eu testei o papel. Gostei muito. Realmente o papel feito com algodão é bem melhor para aguadas do que o feito de celulose. As vezes na aquarela a gente precisa suavizar e também tentar apagar um pouco da pintura, mas quando se faz isso num papel vagabundo ele acaba estragando e impede de apagar. Já o papel melhor não vai estragar fácil e podemos criar esses efeitos com mais facilidade.



Se comparar com o Fabriano, esse outro é inferior. Mas não significa que é ruim, pelo contrário, é ótimo! Com certeza vou comprar mais vezes!




vai aí os dois estudos de figura humana feitas nesse papel lindo baseados em Bouguereau










quarta-feira, 7 de agosto de 2013

RESENHA: aquarelas da Faber Castel

Oi pessoal!

Mais uma vez estou aqui pra fazer uma resenha. Dessa vez sobre uma aquarela bem comum, fácil de encontrar e barata. Lembro que na última vez que vi o preço na Casa das Artes estava 19 reais. Motivos que fazem muita gente optar por ela. Imagino que muitos pais compram essa aquarela quando escola pede nas listas de materiais. Até mesmo gente que estuda Artes Plásticas na UnB usa. É também a aquarela mais comprada pelo pessoal que faz Arquitetura no CEUB (já que a maioria deles só compra porque a professora de desenho mandou, então preferem não gastar dinheiro com coisa melhor).



Quando eu fiz curso de aquarela, ela era a aquarela cobrada na lista de materiais. Como eu já tinha um estojo de aquarelas boas, eu nem comprei. A professora dizia que não tinha essa de comprar material caro e uma das alunas comprou essa indicada. Eu via a grande diferença das minhas aquarelas Cotman pras aquarelas da Faber Castel da minha colega de curso. Eu não sei dizer, acho que os trabalhos dela ficavam com cores estranhas. Quando ela queria algo mais forte, ficava opaco. O que eu achei bem estranho, é que a professora pedia essa aquarela na lista de materiais, mas depois de algumas aulas ela falou pra essa minha colega comprar as aquarelas da Pentel e ela acabou comprando aquele jogo de 36 cores da Pentel. Eu resolvi comprar também um jogo da Pentel de 12 cores para economizar as minhas aquarelas da Cotman. Notei que depois que essa minha colega começou a usar as aquarelas da Pentel, aquela coisa que achava tão estranho não apareceu mais.

Toda vez que alguém me mostrava uma aquarela feita com as aquarelas da Faber Castel, eu notava o mesmo efeito estranho. As vezes as pessoas nem precisavam de me dizer que eram as aquarelas da Faber, eu já perguntava de cara: “Você usou aquarelas da Faber Castel?” e a pessoa: “Sim”.

Quando eu dei aula de aquarelas nas monitorias de Desenho 2, eu citava 4 aquarelas: Faber Castel, Pentel, Cotman e Winsor e Newton. Eu dizia que a Winsor e newton era muito cara, porém ótima. A Cotman era a que eu fazia mais propaganda, já que são aquarelas ótimas com um preço não tão salgado quanto as da Winsor e Newton. As da Pentel eu também fazia muita propaganda, já que o preço é bom, fácil de achar e eu não acho tão ruim assim como muitos falam. Indicava a da Faber Castel em função do preço, embora eu dizia que entre ela e Pentel, eu preferia a Pentel.

Esse ano, uma colega minha da Arquitetura me deu o kit dela de aquarelas da Faber Castel. Ela disse que não iria usar, que comprou só pra fazer as disciplinas. Fiz uma pintura com ela e notei que as partes onde passei mais camadas ficaram bem opacas e quanto mais tinta eu pegava, mais efeito guache tinha. Até que li a embalagem e estava escrito algo mais ou menos assim: aglutinantes, pigmentos e cargas. CARGA!!! Pra quem não sabe, a diferença de guache pra aquarela é que o guache é feito da mesma forma que a aquarela, porém ele leva a CARGA, substância que “encorpa” e deixa a tinta opaca. Então, seria a aquarela da Faber Castel um guache???? Não sei, talvez uma aquarela meio guache.

Desenho que pintei com as aquarelas Faber Castel, notem como as sombras e as partes escuras do cabelo ficaram opacos. Eu ainda não terminei, quis fazer esse Art Nouveau atrás, mas não gostei. Vou fazer algo diferente depois. E também não gostei da cara dela. 







Ela vem em pastilhas e começamos a usar pingando gotas de água e fazendo movimentos circulares com o pincel. Quando você faz isso com uma outra aquarela de pastilha, ela vai ficar meio melequenta por um bom tempo (mole e com brilho), já as pastilhas da Faber secam num instante e com aspecto opaco. Pastilhas de outras marcas demoram dias pra ficar com esse aspecto opaco (exemplo na foto acima).


Fui fazendo uns testes e fui notando que ela é pouco pigmentada. Se você quer a cor mais forte, tem que pegar muita tinta e no meio do caminho, a mistura já fica com efeito guache por conta da carga que tem nela. Quando você usa a cor bem clarinha, ela até fica bonitinha.

Mostro aqui os testes

Notem umas partes bem opacas, o que não deveria acontecer, nesse tipo de teste eu queria a cor mais forte e não clarinha, então acabou ficando assim, partes transparentes, partes opacas.


Esse teste é o das cores puras no plano inclinado (técnica pra tinta ficar sem manchas sobre o papel). Com algumas cores eu não consegui fazer sem manchas e olha tanto neste exemplo quanto no de cima que o verde escuro tem pigmento estranho e grosseiro. Ele parece que não cola no papel e no geral, se você passa o dedo, seu dedo fica um pouco colorido. Essa bolinha verde limão saiu com uma sujeira porque não limpei o scanner  e fiquei com preguiça de digitalizar outra vez.


Teste aproveitando as manchas. Notem que a minha intensão era usar a cor mais forte e as partes que a água se acumulou virou guache. Vejam também o pigmento verde escuro. Essa aquarela azul clara foi a que eu achei mias guache de todas.



Encontro de cores



Misturas: nesse teste eu resolvi usar bem clarinho e realmente ficou bem bonitinho. Adorei a mistura da sexta bolinha, foi rosa com marrom. A quarta bolinha é a mistura de vermelho e azul escuro. Finalmente alguma tinta em que a mistura dessas duas cores geram roxo. Ta certo que não é um roxo tão roxo, mas ainda ficou uma cor bonita, geralmente a mistura fica com cor sempre estranha.


Alguns efeitos


Teste dos efeitos "couve flor" com rosa, bege, marrom e branco. Ao menos uma vantagem desse branco ser bem opaco é que pra fazer esses efeitos couve flor fica bem bacana! Geralmente eu tenho que usar guache e não aquarela.


Uma coisa que eu fiz: passei a unha em algumas partes que ficaram com efeito guache e saiu um tanto da tinta!



OBS: pessoal, essas linhas que vocês estão vendo fazem parte da textura do papel. É o papel de gramatura 300 da Canson. Não gosto muito dele, más é um material mais em conta.




O que achei

É difícil dizer isso, já que tem muita gente que usa e vai apelar. Mas essa é minha opinião. Eu não gostei dessa aquarela. Como já foi dito, ela é uma aquarela meio guache. Se eu quero efeitos guaches, eu prefiro fazer com o próprio guache e não com aquarela. Outro defeito que eu já disse, se eu quero usar a cor mais forte e não pastel, ele vira guache. Eu indico esse kit pra quem estuda no CEUB e não usa aquarela, mas tem que comprar pra ser aprovado na disciplina de Desenho. Ou então pra você que tem que usar aquarela, mas sabe que depois não vai usar. Indico pra quem também não tem dinheiro pra NADA. Se bem que é capaz de encontrar aquarela mais barata e com o mesmo efeito por ai nessas lojinhas de utilidades ou 1,99 (se é que ainda usam esse nome).

Se você é do tipo de pessoa que gosta de aquarela só para fazer pinturas bem pasteis, é uma boa economia de dinheiro. Apenas 20 reais e vai durar muito tempo.

Em relação à durabilidade da tinta no papel durante anos, eu não sei nada. Imagino que não deva durar tanto tempo assim.

Alguns falam que quem pretende aprender tem que usar material bom pra depois saber fazer coisas boas com o material ruim. Outros falam que se você aprende a usar logo o material ruim, você já sabe fazer qualquer coisa com qualquer outro material. Eu ainda não cheguei numa conclusão de qual opinião é a certa. Mas nesse caso, eu acho que se você tem realmente interesse em aprender a usar, melhor investir um pouco mais. E outra, evite de usar o pincel que vem junto no kit, pra aquarela é melhor um pincel que tenha a ponta mais fina.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

RESENHA: Guaches da Talens

Oi pessoal!




Eu só tinha feito resenhas de materiais produzidos por mim artesanalmente. Porém acho que é bom fazer resenha de todos os materiais que uso para compartilhar experiências com vocês. Dizer minha opinião das coisas, que nem as blogueiras de blogs de moda fazem quando compram maquiagens e esmaltes. Ainda mais quando a gente tem curiosidade de comprar um material que é caro, mas fica com medo se o produto não é aquilo que a gente imagina.

No meu primeiro semestre de Artes Plásticas na UnB, eu tive uma disciplina obrigatória onde a professora mandava a gente fazer estudo de cores com guaches da Talens. Ela fazia mil propagandas sobre esse guache, que as cores eram lindas e não tinha nem comparação com esses guaches de papelaria. Eu achei um absurdo o preço, 17 reais um vidrinho de 16 ml (isso foi em 2009 na Casa das Artes, nem sei quanto custa hoje). A gente tinha que comprar 5 cores: amarelo, ciano, magenta, preto e branco. Claro que não comprei. Até pouco tempo atrás, eu associava guache a tinta escolar, tinha preconceito e me recusava a pagar caro em qualquer material, ainda mais em guache (sim, eu não comprava material caro de forma alguma).

Até que minha amiga comprou e eu vi que realmente os guaches Talens eram bons mesmo, porém queria dar o braço a torcer. Achava que não valia o preço. Ainda mais que na época eu usava apenas lápis de cor e tinta óleo.

Quando eu comecei a usar aquarela, eu pude entender mais sobre materiais. Pra quem não sabe, a aquarela é basicamente pigmento, goma arábica e glicerina. O guache é basicamente isso e mais a carga, uma substância que serve tanto pra deixar tudo mais encorpado e também é responsável pela opacidade do guache. Essa é a diferença de guache para aquarela: aquarela é transparente e guache é opaco.

Comecei a me interessar um pouco por guache quando fazia grama com aquarela. Eu precisava de algo mais opaco pra conseguir fazer uma grama que me agradasse e a ideia surgiu de usar guache. Até que minha mãe foi pra Roma e eu pedi pra ela comprar materiais, dentre eles os guaches da Talens. Pedi para ela comprar as cores três cores primárias: lemon yellow, light blue (cyan) e permanente rose (magenta). Também o black intenso, branco, o vermelho (já que é meio chato sempre fazer um vermelho misturando amarelo e magenta) e um marrom (deep brown). Minha mãe comprou  e por engano comprou também uma cor linda a mais, o lilás.

(não sei responder pq o vermelho tem embalagem diferente)

Para você que quer economizar dinheiro, com 5 cores: amarelo, magenta, ciano, preto e branco você pode fazer todas as cores. Claro que com dificuldade, por isso achei melhor comprar um marrom e um vermelho.



Conheci gente que critica esses guaches, falando que é uma bosta, que é muito grosso e difícil de usar. O que acontece é que esse guache é muito pigmentado (e talvez também tenha muita carga), sendo assim, é mais fácil usar misturando com água (e fazendo assim você vai economizar muito, já que usando ele puro, acaba num instante). Fiz uns testes e vi que fica com muita textura quando se usa puro (o que pode ser uma qualidade dependendo do que você pretende fazer). Misturando com água você ainda consegue obter resultados bem opacos (mas claro que se não jogar muita água né, ta querendo muito). Há também como usar guache de uma maneira mais aquarelada se misturar com muita água. 




Aqui vai um dos testes: a primeira linha é o guache puro, a segunda guache com um pouco de água e a terceira com efeito aquarelado. Notem a textura do guache Talens se for usado puro. 

OBS: Eu tinha feito um teste de efeito aquarelado num papel de gramatura 200 da canson e não ficou bom, parece que absorveu muito, fiz no de gramatura 300 da mesma marca e ficou bem melhor. Infelizmente a imagem não está nítida.



Brincando de fazer misturas: a primeira coluna da vertical e da horizontal são as cores puras das bisnagas e as outras colunas são suas misturas:


As cores puras das bisnagas com suas nuances e tons (mistura com preto e branco) - o guache branco quase não apareceu.


Efeito aquarelado e sua transparência:
notem que o marrom (cor 5) é bem avermelhado, não gostei dessa cor, devia ter escolhido outro marrom. A oitava cor é o branco.


Efeito aquarela com manchas



Com essas três cores mais o preto e branco você consegue fazer todas as outras cores

Encontro de tintas



Mistura de cores e efeito aquarelavel: notem que os pigmentos parecem que são compativeis. Geralmente na aquarela quando você mistura duas cores e faz um trabalho bem aguado, certos pigmentos não "aceitam" se misturar com outros e acabam fazendo manchas (mostrando as duas cores). Isso acontecem somente na quinta, sexta e sétima bolinha e foi bem de leve.


Por foto nem se nota tanto



Alguns efeitos que minha professora de aquarela chama de "couve flor" aproveitando tanto a opacidade quando a transparência:


 (achei esse pigmento preto meio grosseiro, da pra notar que parece uma areia preta bem fina, porém ele é bem forte).


O que achei: gosto muito do material e achei que valeu a compra. É um material indicado pra quem gosta de aquarela e claro, do próprio guache. Eu ainda não experimentei outros guaches profissionais, então só tenho certo “embasamento” em relação aos guaches de papelaria, como faber castel, acrilex e outros. Realmente ele é bem melhor. Notei também que o pigmento do guache preto é grosseiro em relação aos outros (como foi dito antes), mas uma qualidade é que ele é MUITO forte. O marrom também é meio grosseiro, imagino que o pigmento seja terroso (esse efeito areia é comum em tintas feitas com pigmentos terrosos).

Lembrando que eu não sou dona da verdade e o que coloquei aqui são meus experimentos e minha opinião.


Aqui vai um pedaço da grama do trabalho da postagem passada, foi feito com os guaches da Talens. Gosto de fazer a grama com efeito mais opaco pra que ela possa cobrir o que está atras dela, nesse caro cobrir o barco. Não ficou 100% opaco pois misturei com muita água e também fiquei com medo de ficar com textura.


Um desenho que pintei o fundo com o guache amarelo e água



Vai aqui o catálogo de cores dos guaches Talens (dos tubos de 20ml)



Notem a parte que fala da resistência a luz, 42 de 60 cores tem mais de 100 anos de resistência a luz dadas as condições de um museu. Infelizmente na embalagem eles só colocam o código do pigmento e não o nome dele.