terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Serge Marshennikov e um desabafo

Oi pessoal!

(zoom de um óleo sobre tela de  Serge Marshennikov)



Tempinho que não posto nada aqui.  Estou bem cansada então nem vou escrever nada bonito (como se algum dia eu já tivesse escrito algo bem feito). 

Um dia por acaso achei um lindo quadro naturalista (realista ou classicista, seja lá como você queira chamar) de uma linda moça loira dos seios desnudos e com duas tranças nos cabelos. Eu achei aquilo uma delicadeza tão grande e mal tinha palavras pra descrever aquilo. Era praticamente o tipo de pintura que eu quero fazer. Pra quem não sabe, eu adoro fazer tranças no cabelo e que por sinal é loiro, haha. Era uma composição equilibrada apresentando cores claras e um belo jogo de luz de sombras. A moça deitada usava um bolero de tecido transparente e tampava a parte de baixo com outro tecido também transparente. Embora a moça aparentasse está bem com o corpo duro naquela posição, a pintura em si parece que suavizou essa rigidez. Além do mais o nu e o tecido sempre caem muito bem. 




Uma pequena observação para quem está afim de aprender luz e sombra: trabalhem tecidos, desenhar isso é praticamente desenhar luz e sombra, o mesmo vale para a pintura a óleo. 


(adorei as cores e as composições com tecidos)




Resolvi procurar outros quadros dele. Fico muito feliz em ver gente hoje em dia trabalhando o naturalismo. Diz uma professora minha e outro livro que estou lendo que hoje temos uma certa “volta da pintura”. Não vou escrever nada sobre isso pois não estou com cabeça pra pensar agora, mas saber que ainda tem gente nesse mundo que se importa em aprender e trabalhar com técnicas me deixa muito feliz. 

As vezes eu fico pensando se sou a única pessoa da minha faculdade que trabalha, trabalhou ou que pensa em algum momento trabalhar com técnicas de pintura naturalista, em especial a técnica dos pintores acadêmicos franceses do século 19, como é o caso de Bouguereau e Alexandre Cabanel. Achar fontes sobre ele e outros acadêmicos franceses do século 19 é MUITO difícil, ainda mais no Brasil, onde se torna quase impossível. As vezes eu penso no quanto que isso parece ser loucura, não só ao fato desse conteúdo de não ter muitas fontes, mas também o fato de pesquisar coisas consideradas retrógradas em um ambiente onde a maioria das pessoas (inclusive os PROFESSORES) te põe na fogueira por você ter tanto interesse em estudar e tentar aprender pintura naturalista. É comum ouvir gente dizer pra mim que eu tenho que parar de fazer isso e começar a abrir minha mente para outro tipo de coisa, como por exemplo o abstracionismo. 

 Acho que contemporaneidade abriu portas para muitas coisas, mas também deixou pra trás coisas preciosas do passado (o que muitos dizem que deixou de lado coisas sem importância que a máquina fotográfica faz – coisa que da vontade de vomitar só de ouvir). Afinal, se você luta pelo direito de um trabalho abstrato ser respeitado pelo público, você também pode e deve respeitar o trabalho que alguém também passou horas quebrando a cabeça e tendo paciência para conseguir uma composição com padrões acadêmicos. Aliás, pra quem não sabe, é muito difícil e trabalhoso fazer um trabalho assim. 


Tenho vontade de produzir muitos quadros com técnicas tradicionais para quem sabe algum dia eu aprender a fazer um quadro naturalista decente (só fiz um que gostei mesmo do resultado), o eu me falta é tempo (e preguiça eu tenho de sobra). As vezes eu crio umas ideias mirabolantes de criar uma espécie de vanguarda  para juntar outras pessoas com o mesmo interesse. Outra ideia maluca é escrever um livro em português sobre técnicas, pintores acadêmicos franceses e Bouguereau, porém nem sei se alguém compraria. 


Só para falar algo interessante sobre a “volta da pintura”: se hoje vemos por acaso imagens de Bouguereau por ai na Internet (o que está ficando até comum) é por conta desse retorno de acordo com algumas pessoas, veio depois dos anos 80 e que agora podemos encontrar mais gente trabalhando com isso, como é o caso de Serge Marshennikov. 


Eu não achei uma biografia sobre ele, mas sei que ele é um pintor russo. É muito provável que seus quadros são possíveis graças ao uso da câmera fotográfica, como é o caso de Brad Kunkle. Estou lendo um livro de um artista que faz uma crítica ao uso da fotografia, porém o mesmo autor ao mesmo tempo leva em consideração que hoje é muito difícil ter a disponibilidade de um modelo para posar durante horas numa mesma pose como antigamente.  


Os quadros de Serge Marshennikov são femininos, doces, sensuais e delicadas. Imagino que ele tenha uma forte influência de Bouguereau, que também foi um artista que trabalhava bem a pele e captou a alma da juventude (assim como Rembrandt capturou a alma da idade). Em muitos quadros de Marshennikov a pele parece ser viva e é possível ver veias nas mãos das moças. O uso a luz sobre o corpo das modelos também é um elemento que me encantou. Nem preciso falar que as modelos também ajudam, já que as russas são muito lindas (e são sim, eu conheci muitas pessoalmente).

(aquele verdinho na mão mostrando as veias. Odeio veias, mas deixou o quadro bem natural)



Peço desculpas por ter me estendo muito nessa postagem e por esse desabafo, que por sinal ficou até polêmico. Porém esse é um blog pessoal e pensamentos fazem parte do trabalho da gente, também é uma merda você tentar se esforçar para fazer algo que tem paixão e chega alguém que nunca se quer tentou fazer ou estudar técnicas e vem te criticar como uma pessoa antiquada.  Arte tem lugar pra todos aqueles que tem paixão, basta cada um se dedicar pra valer ao que tanto ama.


 Então vão ai uns quadros lindos para a galeria do blog


















 (um perfeito jogo de luz)































3 comentários:

  1. Oi.
    Parabéns por pensar diferente! Eu também penso da mesma forma. Não querendo desmerecer os pintores abstrados, mas esse tipo de trabalho é relativametne fácil de ser copiado. Quero ver alguém copiar, em perfeição, os quadros acima. E aí que pode-se perceber um verdadeiro artista!

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  2. Oi. Sou pretensa w diletante aprendiz de pintora. Amei sua postagem e amo Marshennikov. Penso exatamente como vc. Aliás eu faço terapia por vários motivos entre eles a frustração de viver num país de pessoas ignorantes onde arte não tem vez e até os artistas nos derrubam com sua ignorância. isto me levou a traumas. Sempre quis estudar pintura clássica, mas como vc sabe bem, isso no Brasil não tem vez e não existem artistas de nível dispostos a ensinar. Bem, parabéns, esse foi meu desabafo. Não desista como eu desisti tantas vezes, persevere. E amei sua ideia de fazer uma nova vanguarda de pintores clássicos. Sempre pensei isso também, mas não tenho nível para me arrogar boa como um marshennikov (nem perto), apesar de saber que sou melhor que muita gente por ai e quero chegar lá um dia. Mais uma vez e vc tem toda razão. Difícil remar contra a maré, não é?

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  3. Olá! Gostei muito de seus comentários a respeito da arte "moderna" e do classicismo. Entendo pouco de pintura, sou mais um "amante das belas artes" que se compraz em contemplar o "Belo", algo infelizmente um tanto esquecido neste feioso mundo pós moderno. De qualquer maneira, não terei toda a sua finesse e educação em falar sobre os "modernistas": para mim, é fácil ser "abstracionista" quando não se domina nem se sabe sequer desenhar. Abraços!

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