Oi pessoal!
(zoom de um óleo sobre tela de Serge Marshennikov)
Tempinho que não posto nada aqui. Estou bem cansada então nem vou escrever nada
bonito (como se algum dia eu já tivesse escrito algo bem feito).
Um dia por acaso achei um lindo quadro naturalista (realista
ou classicista, seja lá como você queira chamar) de uma linda moça loira dos
seios desnudos e com duas tranças nos cabelos. Eu achei aquilo uma delicadeza
tão grande e mal tinha palavras pra descrever aquilo. Era praticamente o tipo
de pintura que eu quero fazer. Pra quem não sabe, eu adoro fazer tranças no
cabelo e que por sinal é loiro, haha. Era uma composição equilibrada apresentando
cores claras e um belo jogo de luz de sombras. A moça deitada usava um bolero
de tecido transparente e tampava a parte de baixo com outro tecido também
transparente. Embora a moça aparentasse está bem com o corpo duro naquela
posição, a pintura em si parece que suavizou essa rigidez. Além do mais o nu e
o tecido sempre caem muito bem.
Uma pequena observação para quem está afim de aprender luz e
sombra: trabalhem tecidos, desenhar isso é praticamente desenhar luz e sombra,
o mesmo vale para a pintura a óleo.
Resolvi procurar outros quadros dele. Fico muito feliz em
ver gente hoje em dia trabalhando o naturalismo. Diz uma professora minha e outro
livro que estou lendo que hoje temos uma certa “volta da pintura”. Não vou
escrever nada sobre isso pois não estou com cabeça pra pensar agora, mas saber
que ainda tem gente nesse mundo que se importa em aprender e trabalhar com técnicas
me deixa muito feliz.
As vezes eu fico pensando se sou a única pessoa da minha
faculdade que trabalha, trabalhou ou que pensa em algum momento trabalhar com
técnicas de pintura naturalista, em especial a técnica dos pintores acadêmicos
franceses do século 19, como é o caso de Bouguereau e Alexandre
Cabanel. Achar
fontes sobre ele e outros acadêmicos franceses do século 19 é MUITO difícil,
ainda mais no Brasil, onde se torna quase impossível. As vezes eu penso no
quanto que isso parece ser loucura, não só ao fato desse conteúdo de não ter
muitas fontes, mas também o fato de pesquisar coisas consideradas retrógradas em
um ambiente onde a maioria das pessoas (inclusive os PROFESSORES) te põe na
fogueira por você ter tanto interesse em estudar e tentar aprender pintura
naturalista. É comum ouvir gente dizer pra mim que eu tenho que parar de fazer
isso e começar a abrir minha mente para outro tipo de coisa, como por exemplo o
abstracionismo.
Acho que contemporaneidade abriu portas para muitas
coisas, mas também deixou pra trás coisas preciosas do passado (o que muitos dizem
que deixou de lado coisas sem importância que a máquina fotográfica faz – coisa
que da vontade de vomitar só de ouvir). Afinal,
se você luta pelo direito de um trabalho abstrato ser respeitado pelo público,
você também pode e deve respeitar o trabalho que alguém também passou horas quebrando
a cabeça e tendo paciência para conseguir uma composição com padrões acadêmicos.
Aliás, pra quem não sabe, é muito difícil e trabalhoso fazer um trabalho assim.
Tenho vontade de produzir muitos quadros com técnicas
tradicionais para quem sabe algum dia eu aprender a fazer um quadro naturalista decente (só fiz um que gostei mesmo do resultado), o eu me falta é tempo (e
preguiça eu tenho de sobra). As vezes eu crio umas ideias mirabolantes de criar
uma espécie de vanguarda para juntar outras pessoas com o mesmo
interesse. Outra ideia maluca é escrever um livro em português sobre técnicas,
pintores acadêmicos franceses e Bouguereau, porém nem sei se alguém compraria.
Só para falar algo interessante sobre a “volta da pintura”:
se hoje vemos por acaso imagens de Bouguereau por ai na Internet (o que está
ficando até comum) é por conta desse retorno de acordo com algumas pessoas, veio
depois dos anos 80 e que agora podemos encontrar mais gente trabalhando com
isso, como é o caso de Serge Marshennikov.
Eu não achei uma biografia sobre ele, mas sei que ele é um
pintor russo. É muito provável que seus quadros são possíveis graças ao uso da câmera
fotográfica, como é o caso de Brad Kunkle. Estou lendo um livro de um artista
que faz uma crítica ao uso da fotografia, porém o mesmo autor ao mesmo tempo
leva em consideração que hoje é muito difícil ter a disponibilidade de um
modelo para posar durante horas numa mesma pose como antigamente.
Os quadros de Serge Marshennikov são femininos, doces,
sensuais e delicadas. Imagino que ele tenha uma forte influência de Bouguereau,
que também foi um artista que trabalhava bem a pele e captou a alma da juventude
(assim como Rembrandt capturou a alma da idade). Em muitos quadros de
Marshennikov a pele parece ser viva e é possível ver veias nas mãos das moças.
O uso a luz sobre o corpo das modelos também é um elemento que me encantou. Nem
preciso falar que as modelos também ajudam, já que as russas são muito lindas
(e são sim, eu conheci muitas pessoalmente).
(aquele verdinho na mão mostrando as veias. Odeio veias, mas deixou o quadro bem natural)
Peço desculpas por ter me estendo muito nessa postagem e por
esse desabafo, que por sinal ficou até polêmico. Porém esse é um blog pessoal e
pensamentos fazem parte do trabalho da gente, também é uma merda você tentar se
esforçar para fazer algo que tem paixão e chega alguém que nunca se quer tentou
fazer ou estudar técnicas e vem te criticar como uma pessoa antiquada. Arte tem lugar pra todos aqueles que tem
paixão, basta cada um se dedicar pra valer ao que tanto ama.
Então vão ai uns quadros lindos para a galeria do blog
(um perfeito jogo de luz)